mas Glória tinha o seu plano, não deixaria que a outra tomasse confiança consigo. Uma alugada, uma mercenária!
E dava-se ares de grande dama, muito atirada sobre os almofadões de pelúcia, com uma expressão de desprezo afeiando-lhe a boca e as suas faces rosadas, de criança. Realmente aquela atitude não era agradável, o chapéu sobretudo incomodava-a mortalmente, e sentia enterrar-se-lhe nas costas, como um castigo, a ponta de um alfinete. Suportou o sacrifício heroicamente, até que viu entrar na sala, com o modo mais simples e desembaraçado do mundo, uma moça, nem bonita nem feia, vestida de cinzento, com aventalzinho preto e um molho de chaves pendentes da cintura.
Glória empertigou-se mais. Alice aproximou-se dela sorrindo e estendeu-lhe as mãos, duas mãos muito brancas e longas. Glória levantou-se, sem se dignar tocar nessas mãos, e disse com aspereza:
– Quero ver o meu quarto.
Alice contemplou-a com tristeza e curiosidade; depois, voltando as costas:
– Siga-me...
Atravessaram o corredor, subiram uma escada e entraram em um quarto forrado de azul, com janelas abertas para os lados do Silvestre e duas camas brancas.
– É aqui?!