Argemiro ouvia um constituinte no seu escritório da rua da Quitanda. A causa era chocha; o homem expressava-se mal, perdendo palavras sobre palavras. O advogado deixava-o falar, olhando silencioso para os raminhos azuis do papel reles, como se pedisse às paredes encardidas a paciência de que deviam estar impregnadas.

Efetivamente, toda aquela casa, onde o cupim voraz trabalhava de parceria com os médicos especialistas, advogados e solicitadores, parecia derrear-se ao peso da sabedoria e da malícia.

À noite, fechados os escritórios e cubículos, os ratos, passeando por aqueles corredores e alcovas desertas, comentariam as chicanas, as mentiras e os segredos com que a ciência transfigura a verdade e uns homens