enganam os outros... E não seriam poucos os ratos, porque às vezes, mesmo em plena luz do meio-dia, surgia de qualquer canto obscuro o focinhito agudo de um desses roedores mais curiosos, como a querer tomar contas do que se passasse; e a sua morrinha vagava na casa, de frente a fundo, enchendo-a como uma alma.
O constituinte de Argemiro voltava ao princípio da sua exposição; temia ter esquecido algum detalhe precioso, e a consulta era cara... Foi num desses pontos de repetição que o criado apresentou ao advogado um cartão da Pedrosa.
– A mulher do ministro!
Argemiro abotoou o colete de fustão e prometeu ao homenzinho que faria tudo por ele, mas que se fosse embora!...
O outro atropelou as últimas perguntas e marcou nova entrevista.
Através da meia parede de tabique ouvia-se, na sala próxima, o frou-frou das sedas abafadas em lãs e um sussurro de vozes femininas. Logo, a Pedrosa não viera só... Argemiro não a via desde a noite em que fora cumprimentar o marido pela sua nomeação. Que a traria ali?
O aroma do Bouton d’or introduzia-se pelas frinchas das portas, invadindo tudo, soberanamente.
Argemiro considerou aquele aroma como muito indiscreto, mas gostou.
A Pedrosa afinal... Ora, com que então