“Tu sabes o quanto tua segurança é importante para este coração, mas temo que se o pequeno Marciano emperrar, tenhamos que abandonar este momento de maravilhoso prazer para nos ater ao reparo das peças”.

O galanteador Santós oferece ajuda a Yolanda que graciosamente tenta se concentrar na difícil tarefa de levantar-se com o motor ainda em funcionamento.

Ao perceber o breve desconforto de Yolanda, Santós estende o braço e desliga o motor, fazendo com que o silêncio constrangedor surja bem no momento em que estão frente a frente, e é então que um tímido sorriso surge em ambos os rostos enrubescidos.

“Por que chamas este aparelho de Marciano?” Pergunta Yolanda de forma ingênua tentando mudar o clima de doce tensão.

Santós abre um novo sorriso de satisfação e admiração: “Creio que ainda não sabes da estória deste pequeno aparelho e do meu encontro com o Sr. Wells”.

“Refere-se ao escritor H.G. Wells?”

“Ele mesmo, há algum tempo atrás, aqui mesmo na Suíça voltava para meu hotel de um teste com este pequeno dispositivo quando fui chamado por H. G. Wells. Ele logo entendeu que se tratava de um instrumento auxiliar para a prática do esqui, mas ficou intrigado com seu funcionamento”.

“Seria muito interessante saber sobre o que conversaram duas mentes tão criativas” interrompe Yolanda com visível olhar de curiosidade ainda segurando nas mãos de Santós.

“Talvez tenha sustentado conversas masculinas com o Sr. Wells”. Responde Yolanda quase se desmanchando em gargalhadas.

“Sim, Mulheres e Máquinas voadoras, dois dos assuntos que me empenho em entender de forma substancial. Mas Wells e eu temos grandes divergências no que diz respeito aos prazeres essenciais de nossas vidas”.

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