— Então o negócio é assim, minha senhora? exclamei eu, ao vê-la levantar-se do piano.

— Certamente, me respondeu ela; é este, pouco mais ou menos, o breviário por onde reza a totalidade das moças.

— Fico-lhe extremamente agradecido pelo desengano.

— Estimo que lhe sirva de muito.

— Já serve, minha senhora; já tirei grande proveito dele.

— E como?

— Escute. Abatido e desesperado com os meus infortúnios, eu tinha jurado não amar a mais nenhuma moça que fosse morena, corada ou pálida: estavam, pois, esgotados os belos tipos... eu deveria morrer celibatário.

— E agora?...

— Agora?... Graças ao seu lundu, juro que de hoje avante amarei a todas elas... morenas, coradas, magras e gordas, cortesãs ou roceiras, feias ou bonitas... tudo serve.

— E, com efeito, minha senhora, continuou Augusto, dirigindo-se à sra. d. Ana, fiz-me absolutamente um ser novo, graças ao lundu; guardando e beijando com desvelo o meu querido breve, que sempre comigo trago, eu