Sim, mas diga sempre.
— Não, antes quero falar-vos do vosso presente.
— Pelo amor de seus belos olhos, minha senhora, vamos antes ao que eu não sei, vamos ao meu futuro.
— Sois sobejamente sôfrego! Não vedes como isso vai contra a boa ordem da narração?
— Mas a desordem é hoje moda! O belo está no desconcerto; o sublime no que se não entende; o feio é só o que podemos compreender: isto é, romântico; queira ser romântica, vamos ao meu futuro.
— Pois bem, vamos ao vosso futuro. Principiarei, como pretendia fazer, se falasse do presente de vossa vida, dizendo-vos que vós não sois tão inconstante como afetais.
— Misericórdia!
— Mas que estais a ponto de o ser; digo-vos que perdereis uma certa aposta que fizestes com três estudantes.
— Como é isso? Então a senhora sabe...
— A fada que me revelou isso leu o termo na carteira de quem o guardou.
— A fada? Sim, a feiticeira o leu... Compreendo.
— Vós não sois inconstante, porque tendes