A Morte da Águia


Mal a Águia divina ouviu o canto,
Que unia a Morte á Vida e que do Empireo
Nos infinitos vales reboava,
Ergueram-se-lhe as asas por encanto,
Porque a espiral de fogo e de delírio
Para o seio da Luz a arrebatava.

Sentiu correr-lhe o sangue de roldão,
Como se cada artéria fosse o leito
Dum rio caudalôso;
E o largo, intumecido coração
Batia-lhe de encontro ao forte peito,
Como na costa dura o Mar irôso.