no seio, em cuja profundeza enorme,
coberta de negror, habitam monstros legendarios, dorme toda a legião phantastica do horror!
Mas de um e de outro lado, nas margens, como o quadro é differente! Sob o docél daquelle céo ridente
dos climas do Equador, ha tanta vida, tanta,
ó céos! e ha tanto amor! Desde que no horisonte o sol é nado
até que expira o dia, é toda a voz da natureza um brado
immenso de alegria; e vôa aquelle grande sussurrar de festas,
vibrante de ventura, desde o seio profundo das florestas até ás praias que cegam de brancura!
Mas o rio lethal,
como estagnado e morto, arrasta entre o pomposo festival lentamente o seu manto perennal
de lucto e desconforto. Passa — e como que a morte tem no seio! Passa — tão triste e escuro, que dissereis, vendo-o, que elle das lagrimas estereis
de Satanaz proveio; ou que ficou, do primitivo dia, quando ao — Faça-se!— a luz raiou no espaço, esquecido, da terra no regaço, um farrapo do cháos que se extinguia.
Para acordal-o, a onça dá rugidos,
que os bosques ouvem, de terror transidos.
Para alegral-o, o passaro levanta
voz com que a propria penha se quebranta.
Das flores o thuribulo suspenso
manda-lhe effluvios de perenne incenso.