E a preferencia definitiva que, entre as demais arvores,
logrou a manguewa para a vasta arborisação de Belém, é
assim justificada em importante relatório do Intendente:
«Vários têm sido os ensaios de arvores apropriadas á ar])orisação urbana. Ora a amendoeira, ora a siimaliumeira, ora a mutambeira mereceram as preferencias da administração.
Por esta ultima arvore, eu próprio tive tendências, durante algum tempo. A observação e a experiência, porém, desilludiram-me. Quer uma, quer outra das citadas arvores oíFerecem desvantagens, que não as tornam praticamente utilisaveis.
Estou boje convencido da superioridade da mangueira, — a arvore clássica de nossos antepassados, cujas qualidades são numerosas.
Com effeito, desenvolve-se com rapidez, cresce a alturas consideráveis e esgalba com regularidade. Mas a todas essas vantagens, a mangueira allia ainda as de uma folhagem densa e constantemente renovada.
Sua sombra é ampla e perfeita. Foi por isso que entre ordens por mim dadas ultimamente no Horto Municipal, salienta-se a recommendação para o cultivo, em grande escala, de mangueiras destinadas á arborisação, de preferencia a quaesquer outras arvores.» (*)
No limitado plano deste livro nào nos é possível maior extensão sobre as immensas riquezas veg-etaes do Brazil, a respeito de cujas orchideas,por exemplo, affirma um escriptor que — «de seis mil espécies classificadas em todo o giobo, o Brazil concorre com 1059, sendo, portanto, o mais rico de toda a America».
Não passaremos, entretanto, ao reino mineral, sem pôr sob vossos olhos um eloquente attestado dos prodígios de fertilidade de nossa natureza.
Vimol-o referido por illustre viajante em Matto-Grosso:
«Em caminho, vi uma dessas graciosas curiosidades com
(*) o Muiiicipio de Belém — Relatório apresentado ao Conselho Municipal de Belém, na sessão de 13 de Novembro de 1902 pelo Intendente, Senador António José de Lemos, relativo á sua gestão de 1897-1902.