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que a natureza parece ás vezes querer clivertir-se: do alto do grosso tronco de uma gamelleira decrépita, truncada pelo

raio ou pelo tempo, elevava-se uma graciosa palmeira cercada ainda de galhos verdes da velha arvore; como represália de ser tantas vezes a palmeira o supporte dessa gigantesca parasita, cuja semente, nella deposta pelos passarinhos, ahi germina, cresce, vae descendo suas raizes e anastomosandorig: as ao redor da estipilte, e tão perfeitamente, que, ao cabo de tempo, torna-se em segundo envoltório ao tronco da palmeira. » (*)

Não é, entretanto, único esse hello specimen dos caprichos de nossa opulenta natureza!

Idêntico apreciámos, muitas vezes, no Recife, Capital do Estado de Pernambuco, á margem da ferro-via que se dirige á cidade de Olinda.

E o phenomeno era ainda mais surprehendente por ser o supporte uma frondosissima gamelleira, cuja copa não permittia que se divisasse bem o tronco do dendezeiro que a dominava altaneiro e gracioso.

Foi necessariamente levado pela imponência de phenomenos dessa natureza, que um escriptor nacional, descrevendo, em primorosa linguagem, nossas luxuriantes florestas, disse:

«... Ha seiva para tudo, força para a expansão da maior belleza de cada uma. Toda aquella vasta flora traduz a antiguidade e a vida. Não se

(*) D′- João Severiano da Fonseca — obr. cit.