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de valor, para mitig-ar a fome a escravos foragidos, ou auxiliar pecuniariamente a liberdade de outros!

«Na propaganda abolicionista», diz com muita razão um jornal fluminense, noticiando a morte de Leonor Porto, aos 60 annos de edade, «ninguém mais flrme e mais enthusiasta, a cujo devotamento e a cujo esclarecido patriotismo rendemos o devido preito nestas linhas», salientando mais que os escravos «encontraram sempre na sua bravura o amparo e a força para esperar o grande dia» (*); relembrando outro jornal que «a casa da benemérita abolicionista foi o principal refugio dos escravisados foragidos, velando maternalmente por elles». (**)

Crescendo dia a dia a propaganda, augmentando sempre a acção dos abolicionistas e accentuando-se a aspiração geral, a negra mancha que nos ensombrava a civilisação não poderia resistir por mais tempo.

A questão tornou-se eminentemente nacional.

Já se não tratava de simples adeptos fervorosos da liberdade; não era a empreitada de um partido politico. Não: — era a alma brazileha que se manifestava a cada canto, na palavra do propagandista, na oração do tribuno, na penna do jornalista, nas preces da religião, no recinto do Parlamento, no altruísmo dos próprios senhores de escravos, — era o povo que exigia; era a Nação que impunha sua vontade soberana.

Isso mesmo declarava a Princeza Imperial D. Izabel, que então regia o Império, em nome do Imperador doente na Europa, na mensagem, que nesse tempo ainda se denominava — fala do throno —, dirigida em 3 de Maio de 1888 á Assembléa Geral:

(*j o Pdiz, do Rio de Janeiro, edição de 7 de Fevereiro de 1901. (**j Cidade do Riu, edição de 7 de Fevereiro de 1901.