indecisão!... Além d’isso, como todos os galileus, tinha uma secreta fraqueza, uma irremediavel sympathia por prophetas. E depois arreceava a vingança de Elias, o patrono, o amigo d’Iokanan... Porque Elias não morreu, D. Raposo. Habita o céo, vivo, em carne, ainda coberto de farrapos, implacavel, vociferador e medonho...
— Safa! murmurei, arripiado.
— Pois ahi está... Iokanan ia vivendo, ia rugindo. Mas sinuoso e subtil é o odio da mulher, D. Raposo. Chega, no mez de Schebat, o dia dos annos de Herodes. Ha um vasto festim em Makeros, a que assistia Vitellius, então viajando na Syria. D. Raposo lembra-se do crasso Vitellius que depois foi senhor do mundo... Pois á hora em que pelo ceremonial das Provincias Tributarias se bebia á saude de Cesar e de Roma, entra subitamente na sala, ao som dos tamborinos e dançando á maneira de Babylonia, uma virgem maravilhosa. Era Salomé, a filha de Herodiade e de seu marido Filippe, que ella educára secretamente em Cesarea, n’um bosque, junto do Templo d’Hercules. Salomé dançou, núa e deslumbrante. Antipas Herodes, inflammado, estonteado de desejo, promette dar tudo o que ella pedisse pelo beijo dos seus labios... Ella toma um prato