com uma corda amarrada nas mãos. A lenta aragem que balançava na janella o ramo de madresilva, e lhe avivava o aroma, acabava talvez de roçar a fronte do meu Deus, já ensanguentada d’espinhos! Era só empurrar aquella porta de cedro, atravessar o pateo onde gemia a mó do moinho domestico, — e logo, na rua, eu poderia vêr presente e corporeo o meu Senhor Jesus tão realmente e tão bem como o viram S. João e S. Matheus. Seguiria a sua sacra sombra no muro branco — onde cahiria tambem a minha sombra. Na mesma poeira que as minhas solas pisassem — beijaria a pégada ainda quente dos seus pés! E abafando com ambas as mãos o barulho do meu coração, — eu poderia surprehender, sahido da sua bocca ineffavel, um ai, um soluço, um queixume, uma promessa! Eu saberia então uma palavra nova do Christo, não escripta no Evangelho; — e só eu teria o direito pontifical de a repetir ás multidões prostradas. A minha auctoridade surgia, na Igreja, como a d’um Testamento novissimo. Eu era uma testemunha inedita da Paixão. Tornava-me S. Theodorico Evangelista!
Então, com uma desesperada anciedade que espantou aquelles Orientaes de maneiras mesuradas, eu gritei: