orelhas, arredaram-se, murmurando bençãos servis. Uma corda d’esparto deteve-nos, presa a postes cravados no chão para isolar o alto do môrro, e, no sitio em que ficáramos, enrolada a uma velha oliveira que tinha pendurados dos ramos escudos de Legionarios e um manto vermelho.

Então, ancioso, ergui os olhos... Ergui os olhos para a cruz mais alta, cravada com cunhas n’uma fenda de rocha. O Rabbi agonisava. E aquelle corpo que não era de marfim nem de prata, e que arquejava, vivo, quente, atado e pregado a um madeiro, com um pano velho na cinta, um travessão passado entre as pernas — encheu-me de terror e d’espanto... O sangue que manchára a madeira nova, ennegrecia-lhe as mãos, coalhado em torno aos cravos: os pés quasi tocavam o chão, amarrados n’uma grossa corda, rôxos e torcidos de dôr. A cabeça, ora escurecida por uma onda de sangue, ora mais livida que um marmore, rolava d’um hombro a outro dôcemente; e por entre os cabellos emmaranhados, que o suor empastára, os olhos esmoreciam, sumidos, apagados — parecendo levar com a sua luz para sempre toda a luz e toda a esperança da terra...

O centurião, sem manto, com os braços cruzados sobre a couraça de escamas, rondava