quando um grito esbaforido resoou, no alto da rua, á esquina do convento dos Abyssinios:
— Amigo Potte, doutor, cavalheiros!... Um embrulho! Esqueceu um embrulho...
Era o negro do Hotel, em cabello, agitando um embrulho que logo reconheci pelo papel pardo e pelo nastro vermelho. A camisinha de dormir da Mary! E recordei que com effeito, ao emmalar, eu não o vira no guarda-roupa, no seu ninho de piugas.
Esfalfado, o servo contou que depois de partirmos, varrendo o quarto, descobrira o embrulhinho entre pó e aranhas, detraz da commoda; limpára-o carinhosamente; e como fôra sempre seu afan servir o fidalgo lusitano, abalára, mesmo sem a jaleca...
— Basta! rosnei eu, sêcco e carrancudo.
Dei-lhe as moedas de cobre que me atulhavam as algibeiras. E pensava: «Como rolou elle para traz da commoda?» Talvez o negro atabalhoado que, arrumando, o tirára do seu ninho de piugas... Pois antes lá permanecesse para sempre, entre o pó e as aranhas! Porque em verdade este pacote era agora audazmente impertinente.
Decerto! eu amava a Mary. A esperança que em breve na terra do Egypto seria apertado pelos seus braços gordinhos