preto, e collocou-me, como interno, no collegio dos Isidoros, então em Santa Isabel.
Logo nas primeiras semanas liguei-me ternamente com um rapaz Chrispim, mais crescido que eu, filho da firma Telles, Chrispim & C.^a, donos da fabrica do fiação á Pampulha. O Chrispim ajudava á missa aos domingos; e, de joelhos, com os seus cabellos compridos e louros, lembrava a suavidade d’um anjo. Ás vezes agarrava-me no corredor e marcava-me a face, que eu tinha feminina e macia, com beijos devoradores; á noite, na sala, d’estudo, á mesa onde folheavamos os somnolentos diccionarios, passava-me bilhetinhos a lapis, chamando-me seu idolatrado o promettendo-me caixinhas de pennas d’aço...
Á quinta-feira era o desagradavel dia de lavarmos os pés. E tres vezes por semana o sebento padre Soares, vinha, de palito na bocca, interrogar-nos em doutrina e contar-nos a vida do Senhor.
— Ora depois pegaram, e levaram-no de rastos a casa de Caiphás... Olá, o da pontinha do banco, quem era Caiphás?... Emende! Emende adiante!... Tambem não! Irra, cabeçudos! Era um judeu o dos peores... Ora diz que, lá n’um sitio muito