— É verdade. O oculo! — murmurou elle, com a bôca atulhada.
Fui tombar, quasi desmaiado, sobre o canapé de couro. Elle offereceu-me vinho de Bucellas. Bebi um calice. E passando a mão tremula sobre a face livida:
— Então dize lá, conta lá tudo, Justininho...
O Justino suspirou. A santa senhora, coitadinha, deixára-lhe duas inscripções de conto... E de resto dispersára no seu testamento as riquezas de G. Godinho do modo mais incoherente e mais perverso. O predio do campo de Sant’Anna e quarenta contos de inscripções para o Senhor dos Passos da Graça. As acções da Companhia do Gaz, as melhores pratas, a casa de Linda-a-Pastora para o Casimiro, que já se não mexia, moribundo. Padre Pinheiro recebia um predio na rua do Arsenal. A deliciosa quinta do Mosteiro, com o seu pittoresco portão d’entrada onde se viam ainda as armas dos condes de Landoso, as inscripções de Credito Publico, a mobilia do campo de Sant’Anna, o Christo d’ouro — para o padre Negrão. Tres contos de reis e o relogio para o Margaride. A Vicencia tivera as roupas de cama. Eu — o oculo!
— Para vêr o resto de longe! considerou