perfumadas e á espera de que eu as colhesse, todas as flôres da Civilisação! E agora, com o oculo, eu era o pelintrissimo Raposo de botas cambadas, sentindo em roda, negros e promptos a ferirem-me, todos os cardos da Vida... E tudo isto, porque? Porque um dia, na estalagem d’uma cidade da Asia, se tinham trocado dois embrulhos de papel pardo!
Não houvera jámais zombaria igual da Sorte! A uma tia beata, que odiava o amor como coisa suja e só esperava, para me deixar predios e pratas, que eu, desdenhando saias, lhe rebuscasse em Jerusalem uma reliquia — trazia a camisa de dormir d’uma luveira! E n’um impulso de caridade, destinado a captivar o céo, atirava como pingue esmola a uma pobre em farrapos, com o filho faminto chorando ao collo — um galho cheio d’espinhos!... Oh Deus, dize-me tu! Dize-me tu, oh Demonio! como se fez, como se fez esta troca de embrulhos — que é a tragedia da minha vida?
Elles eram semelhantes no papel, no formato, no nastro!... O da camisa jazia no fundo escuro do guarda-fato; o da reliquia campeava sobre a commoda, glorioso, entre dois castiçaes. E ninguem lhes tocára: nem o jocundo Potte; nem o erudito Topsius;