potente e barbuda de Raposão. Uma tarde ao café, Chrispim & C.ª louvou a Familia Real, a sua moderação constitucional, a graça caridosa da Rainha. Depois descemos ao jardim: e andando D. Jesuina a regar, e eu ao lado enrolando um cigarro, suspirei e murmurei junto ao seu hombro: — «V. exc.^a, D. Jesuina, é que estava a calhar para Rainha, se cá o Raposinho fosse Rei!» Ella, córando, deu-me a ultima rosa do verão.
Em vesperas de Natal, Chrispim & C.ª chegou á minha carteira, pousou galhofeiramente o chapéo sobre a pagina do Livro de Caixa que eu ennegrecia de cifras, e cruzando os braços, com um riso de lealdade e estima:
— Então com que, Rainha, se o Raposinho fosse Rei...? Ora diga lá o snr. Raposo. Ha ahi dentro d’esse peito amor verdadeiro á mana Jesuina?
Chrispim & C.ª admirava a paixão e o ideal. Eu ia já dizer que adorava a snr.ª D. Jesuina como a uma estrella remota... Mas recordei a Voz altiva e pura da travessa da Palha! Recalquei a mentira sentimental que já me enlanguecia o labio — e disse corajosamente:
— Amor, amor, não... Mas acho-a um