iniciaes, um miraculoso triumpho da Egreja! A tia Patrocinio cahiria sobre o meu peito, chamando-me «seu filho e seu herdeiro.» E eis-me rico! Eis-me beatificado! O meu retrato seria pendurado na sacristia da Sé. O Papa enviar-me-hia uma Benção Apostolica, pelos fios do telegrapho.

Assim ficavam saciadas as minhas ambições sociaes. E quem sabe? Bem poderiam ficar tambem satisfeitas as ambições intellectuaes que me pegára o douto Topsius. Porque talvez a Sciencia, invejosa do triumpho da Fé, reclamasse para si esta camisa de Maria de Magdala como documento archeologico... Ella poderia alumiar escuros pontos na Historia dos Costumes contemporaneos do Novo Testamento — o feitio das camisas na Judêa no primeiro seculo, o estado industrial das rendas da Syria sob a administração Romana, a maneira de abainhar entre as raças semiticas... Eu surgiria, na consideração da Europa, igual aos Champollions, aos Topsius, aos Lepsius, e outros sagazes resuscitadores de Passado. A Academia logo gritaria — «A mim, o Raposo!» Renan, esse heresiarcha sentimental, murmuraria — «Que suave collega, o Raposo!» Sem demora se escreveriam sobre a camisa da Mary sabios, ponderosos livros em alle-