Então, devotamente, beijei-lhe a franja do chale. A titi gostou. Eu fui com Deus.
Começou d’ahi, farta e regalada, a minha existencia de sobrinho da snr.ª D. Patrocinio das Neves. Ás oito horas, pontualmente, vestido de preto, ia com a titi á igreja de Sant’Anna, ouvir a missa do padre Pinheiro. Depois d’almoço, tendo pedido licença á titi, e rezadas no oratorio tres Gloria Patri contra as tentações, sahia a cavallo, de calça clara. Quasi sempre a titi me dava alguma incumbencia beata: passar em S. Domingos, e dizer a oração pelos tres santos martyres do Japão; entrar na Conceição Velha, e fazer o acto de desaggravo pelo Sagrado Coração de Jesus...
E eu receava tanto desagradar-lhe, que nunca deixava de dar estes ternos recados que ella mandava a casa do Senhor.
Mas era este o momento desagradavel do meu dia: ás vezes, ao sahir, surrateiro, do portão da igreja, topava com algum condiscipulo republicano, dos que me acompanhavam em Coimbra, nas tardes de procissão, chasqueando o Senhor da Cana Verde.
— Oh, Raposão! pois tu agora...
Eu negava, vexado:
— Ora essa! Não me faltava mais nada! Sou mesmo lá de carolices... Qual! entrei