Magdalena, eu ruminava quem m’as poderia emprestar sem juro e rasgadamente. O bom Casimiro estava em Torres, o prestante Rinchão estava em Paris... E pensava já no padre Pinheiro (cujas dôres de rins eu lamentava sempre com affecto) quando avistei a escapar-se, todo encolhido, todo surrateiro, d’uma d’essas viellas impuras onde Venus Mercenaria arrasta os seus chinelos — o José Justino, o nosso José Justino, o piedoso secretario da confraria de S. José, o virtuosissimo tabellião da titi!...
Gritei logo: «boas noites, Justininho!» E regressei ao Campo de Sant’Anna, tranquillo, gozando já a repenicada beijoca que me daria a Délinha, quando eu risonho lhe estendesse na mão as oito rodellas d’ouro. Ao outro dia cedo, corri ao cartorio do Justino, a S. Paulo, contei-lhe a pranteada historia d’um condiscipulo meu, tisico, miseravel, arquejando sobre uma enxerga, n’uma fetida casa d’hospedes, ao pé do largo dos Caldas.
— É uma desgraça, Justino! Nem dinheiro tem para um caldinho... Eu é que o ajudo: mas, que diabo, estou a tinir... Faço-lhe companhia, é o que posso; leio-lhe orações, e Exercicios da vida christã. Hontem á noite vinha eu de lá... E acredite você,