maior inimigo de meu pai eu não o esqueço! e se ela voltar cá eu bato-lhe na cara, bato-lhe!
- Cala-te! Quem manda aqui sou eu! Se o recebi, é porque entendi que o devia fazer!
- Oh! Mamãe!
- Vamos! E Ernestina com o olhar seco apontou o caminho de casa.
Sara seguiu silenciosa, trêmula, ainda embaixo da raiva e do despeito que tão intensamente tinham vibrado nela. Pisava com força, fitando a sombra da mãe, que se projetava muito esguia a seu lado.
À porta da sala de jantar encontraram o jardineiro, que subira da cidade com um garrafão de vinho ao ombro.
Ele quis dizer qualquer coisa; a viúva fez-lhe um gesto, que se calasse. Durante o jantar a mãe e a filha não se falaram. Sara não comia, sentia um novelo na garganta e receava chorar ali mesmo, diante dos criados. À noite entrou cedo para o quarto, deixando a mãe sozinha no terraço.
Ernestina não sofria menos. A indignação da filha exasperara-a, mas a sua submissão depois tinha-a comovido. Afinal reconhecia razão na moça e chegava a envergonhar-se do seu procedimento. O Rosas tinha sido um inimigo acérrimo do marido. A questão entre ambos tomara um rumo tão perigoso, que fora preciso intervenção