de terceiro. O Nunes, como amigo mais íntimo do comendador, tinha-se posto de permeio e evitado um desenlace terrível à negregada questão. Por muito tempo o nome do Rosas tinha sido envolto no mais asqueroso desprezo e Sara, que adorava o pai, e compartilhava do seu temperamento, começou a ter pelo Rosas a mesma raiva, talvez ainda mais violenta que a dele. Depois da morte do Simões, esse sentimento de rancor havia-se acentuado. A lembrança do pai enchia-a de caridade para todos, menos para os que em vida o tivessem insultado ou feito sofrer!
Por isso a viúva Simões entrava a ter remorsos e a preocupar-se muito com a opinião de Sara. Que diria ela quando soubesse de tudo?
Pensava nisso quando sentiu ranger o portão de ferro do jardim; voltando o rosto percebeu, através da meia escuridade da noite, o vulto de Luciano Dias, em que se destacava num fato escuro uma nesga de colete branco.
Ernestina levantou-se e disse-lhe, mal o viu aproximar-se:
- Sei porque vem. O seu amigo Rosas contou-lhe tudo!
- É verdade: e já que abordou a questão tão abruptamente, deixe-me dizer-lhe que venho indignado!...
- Não sei porque!...
- Não sabe porque!?