sua sala, muito fresca e perfumada; e, estendida numa cadeira de balanço, perto da janela, pôs-se muito sossegadamente a ler um jornal do dia.

Estava num dos seus momentos de melancolia; almejava qualquer coisa que ela mesma não sabia definir. Era a revolta surda contra a pacatez da sua vida sem emoções, contra aquele propósito de enterrar a sua mocidade e a sua formosura longe dos gozos e dos triunfos mundanos.

O que lhe parecia agora um sacrifício parecera-lhe horas antes uma delícia.

A verdade era que a viúva além, do medo de comprometer a felicidade da filha, sentia preguiça de cortar de uma vez aquele sistema recolhido de vida, iniciado pelo marido, um pouco ciumento.

Os seus olhos percorriam superficialmente todo o jornal, quando de súbito estacaram num ponto. Por muito tempo não se despregaram de quatro linhas banais, lendo-as e relendo-as até que o jornal, levado por um dos seus gestos lânguidos, caiu aberto sobre os joelhos. Voltada para o sonho, ela continuou imóvel, com os membros lassos estendidos sob as roupagens longas e negras do seu ainda rigoroso luto de viuvez, e pôs-se a seguir com o olhar, que o pensamento erradio tornava ora abstrato, ora pensativo, uma barquinha de velas pandas que deslizava