Envergonhava-se de ter sido tão crédula; se o tivesse tratado com desdém, ele adorá-la-ia talvez! pensava ela.
Tomou a ler a carta, e amarrotou-a com desespero. Vendo fugir o noivo sentia recrudescer a sua paixão. Amava-o como nunca!
A rivalidade com a filha exacerbava isso. A mocidade de Sara era a sua tortura. Invejava aqueles dezoito anos, aquela alma primaveril, aquele rosto fresco e tranqüilo. Estremecia, com medo da velhice, da sua fatal e terrível decadência que sentia já perto, muito perto.
Suprimir Sara, pelo casamento, era o seu sonho de ouro! Na sua imaginação doente surgiam idéias extravagantes. Pensou em ir ela mesma, procurar o Eugênio Ribas, ou fazer-lhe constar pelo Nunes, que daria um grande dote à filha...
Ernestina era delicada e repeliu depressa essa lembrança. Seria expor a filha a comentários, isso nunca! Como sair daquele embaraço? Queria vencer, custasse o que custasse. Seria abominável que Luciano lhe fugisse uma segunda vez! A sua esperança era de que a filha não retribuiria nunca o amor dele!
Ernestina imaginara que haveria de ser cada vez mais amada, exatamente por não ter cedido aos desejos e solicitações do noivo e eis que via agora desmoronarem-se todos os seus cálculos e aspirações.
Enraivecia-se contra Luciano! Imaginava os