Eram 11 horas da noite; no quarto de Sara havia um rumor baixo do vozes e um forte cheiro de mostarda com que sinapizavam a doente. A lamparina espalhava uma claridade morna e discreta. No papel branco da parede o cortinado da cama desenhava em sombras movediças as suas rosas, pâmpanos e fetos. Sara estava ali deitada de costas no seu leito de virgem, com os olhos cerrados, imóvel como a imagem de um túmulo. A mãe mudava-lhe os sinapismos, ajoelhada no chão, com as mãos sumidas em baixo dos lençóis, os olhos vermelhos, maltratados pelo choro.

O médico examinava com atenção o remédio acabado de chegar da botica.

- Dêem-me uma luz pediu ele, impaciente, revirando entre os dedos magros o frasco do xarope.