no quarto da amiga. Desenvolvera uma atividade de que ninguém a julgara capaz. Era enérgica, movia sem cansaço o seu corpo franzino; com as mãos ágeis, os passos leves, o ouvido atento e o seu belo olhar de gazela, tão vivo e tão meigo, a sondar a doente, buscando uma esperança que não aparecia!

Ah, ela compreendeu a verdade sem ouvir explicações! O amor de Ernestina por Luciano não fora nunca um segredo para ela; a sua perspicácia adivinhara-o logo. Percebendo mais tarde que, por sua vez Sara o adorava, esperou com curiosidade e medo o desfecho daquela história.

Ele aí estava, e bem triste!

A D. Candinha Nunes mudou-se também para Santa Tereza e era quem determinava tudo, assídua, solícita e animada. Entrava pouco nos quartos das doentes, mas preparava-lhes lá dentro os caldos, o leite, o gelo, as roupas e ordenava o silêncio entre as criadas que; a um gesto seu, suspendiam o mínimo rumor.

À cabeceira da viúva Simões estava a Josefa sentada em um banquinho, com as mãos descansadas no colo e o queixo erguido para a cama. De vez em quando cochilava, e então o queixo, quadrado e forte, batia-lhe no peito ossudo, ela despertava com vexame, olhando em roda, observando se a tinham visto, receosa de um olhar de censura. Mas, nada. A viúva tinha os olhos