fechados ou postos no teto, as mãos sumidas nas dobras do linho, os lábios silenciosos.
Pelas janelas cerradas o sol encrava em fisgas; a não ser o tic-tac do relógio, só se ouvia o voar das moscas na sua bulha quase imperceptível e vaga. Josefa para justificar a sua estada ali, erguia-se de vez em quando, alisava o lençol da doente e perguntava-lhe:
- Quer alguma coisa?
A viúva respondia com um gesto que não; a maior parte das vezes nem assim mesmo respondia, quedava-se imóvel, e a Josefa tornava para o banquinho, com um suspiro de cansaço ao corpo moído daquela indolência. E as horas iam passando; o sol abrandava a sua luz amarela, recolhia pouco a pouco as fitas de ouro, que estendera através das venezianas cerradas. Caía a tarde e o silêncio continuava, triste e profundo.
D. Candinha ia de hora em hora dar o remédio, recomendando sempre à Josefa que a avisasse se houvesse alguma falta. Às vezes, de longe em longe, a pobre mulher pedia à moça que ficasse ali um minuto; ela voltaria depressa.
Saía; e, logo fora da porta, respirava com força, sacudia as saias e andava com passos largos, desentorpecendo-se. Ia ao quintal girar um pouco, colhia um raminho de mangerona ou de hortelã e entrava na cozinha mastigando as folhas e pedindo um caldo.
Tornava o alimento à pressa, lamentando não