da cama. Queria ver a filha, pressentia alguma coisa, dizia às vezes que a enganavam. Sara estava morta... Outras cismava com aquele rumor estranho que se fazia em toda a casa, e em que o nome de Sara parecia sussurrado continuamente...
Médicos e enfermeiros prolongaram aquele estado negando-lhe autorização para erguer-se.
Os gritos de Sara tinham cessado, a casa voltara ao anterior silêncio. Uma vez a viúva viu, através das pálpebras, no levíssimo sono dos convalescentes, entrar D. Candinha e dirigir-se à Josefa, que estava a cochilar no seu canto. A moça curvou-se para a velha, e, entre ambas, Ernestina distinguiu no ar, sutilmente estas palavras:
- ... Sara...
- Que me diz, senhora?
- Psiu!...
Saíram ambas, cautelosamente. A viúva Simões sentou-se de um salto e prestou o ouvido. Pareceu-lhe sentir um choro abafado, afastou desvairadamente as roupas da cama e ergueu-se do leito sempre escutando, trêmula, com os cabelos desgrenhados sobre os ombros magros e as pernas finas desenhadas no linho da camisola.
Entreabriu assim a porta e esgueirou-se a medo para o corredor:
Lá fora, na atmosfera suavemente morna, vagava o aroma das flores de laranjeira. Ernestina