e a fazer crochet à janela da casa do pai, em S. Cristóvão.
Montépin lançou-lhe no espírito a semente da inveja das fidalgas loiras, de mãos de cetim e olhos de veludo turquesa. O crochet dava-lhe tempo para remoer mentalmente cenas de amor adúltero deslizadas nos parques alfombrados de castelos provincianos. Quando casou, o Rosas tinha ainda todos os gostos do negociante pacato e burguês. Como isso fosse por 1890, no período efervescente do jogo da bolsa, em que os luxos se assanharam até o desmando, não custou muito transformá-lo. Foi ela, portanto, quem o acostumou àqueles jantares no pavilhão, quem o obrigou a comprar carro, a freqüentar o lírico, até que um belo dia - zás! Lá se foi mar em fora com um primo dele, levando todas as jóias e deixando por despedida algumas linhas mal escritas.
Entretanto, aquele golpe não o desesperou; tinha mesmo facilidade extrema em aludir a ele. Chegava a ponto de constranger os amigos. Um deles notou-lhe um dia:
- Homem! há certas infelicidades que se escondem...
- Ao contrário, respondeu-lhe o Rosas, há certas infelicidades que devem ser espalhadas para servirem de exemplo!
Lá tinha o seu modo de ver.
- Há muitos meses que não vejo a Simões, prosseguiu