o varal erguido e o chapéu enterrado até as orelhas.
A rua tinha trechos menos tumultuosos de feição aristocrática, onde as casas não se abriam tão burguesmente à poeira e à curiosidade de fora; mas logo em outro quarteirão, tudo mudava, aspecto de pessoas e de coisas, como se se tivesse dado um salto para outro bairro. Então, em vez de prédios grandes, de cortinas cerradas e plantas ornamentais nas entradas, eram as casas apertadas, desiguais; e, de vez em quando, ou um frege tresandando a azeite e sardinhas, ou uma quitanda apertada, cheirando a fruta apodrecida e a hortaliça murcha. Nesse ponto andavam crianças aos magotes pela calçada, de mãos dadas, embaraçando os transeuntes. À porta de um barbeiro ou de outra qualquer casa de negócio, sufocada por prédios maiores, conversavam algumas pessoas com muitos gestos e poucas risadas.
Luciano prestava atenção às mínimas coisas, querendo em vão comparar o aspecto dessa rua de então, como do tempo em que ali tinha morado, havia largos anos!... A diferença estaria na sua maneira de olhar? perguntava ele a si próprio.
O Rosas conhecia meio mundo, morava por ali havia muito, por isso cumprimentava quase toda a gente; quando o fazia a alguma senhora chic, Luciano não tardava em perguntar-lhe: