lenços e meias de seda. De vez em quando, num giro rápido, ocultava no seio, sutilmente, um rolo de fitas, sem que a viúva desse por tal, mas vinha logo estender na cama o leque, as luvas, o véu, a saia de seda, até o chapéu de sol, que ela escovava com minúcia. Tudo pronto, Ernestina mandou-a sair mas a rapariga achou jeito de se chegar para o guarda-vestidos, ainda escancarado, e de exclamar com modo lisonjeiro:

- Iaiá é a moça de mais gosto que há em Santa Tereza!... É preciso Iaiá se casar outra veiz para usá seus vestidos claros... Hi! Iaiá fica bonita com roupa clara!

Ernestina corou; e vendo os olhinhos da mulata fixos nela, disse com aspereza:

- Vai-te embora.

A Simplícia saiu e a moça fechou-se por dentro. Foi então para outro quarto contíguo, onde estava o toucador. Sentou-se em frente ao espelho e ensaiou penteados novos pacientemente, a ver se algum lhe ficaria melhor que o habitual; venceu por fim o costumado; o cabelo parecia ir tombando sozinho, nas ondulações naturais. A viúva curvou-se, observou de perto os dentes, perfumou-se muito, sorrindo para o espelho, achando bonito o seu rosto oval, onde as pestanas faziam sombra.

Em frente dela, sobre o mármore, o perfumista Guerlin parecia ter despejado, profusamente,