- Ah! O senhor tem uma biblioteca? tornou Sara.
E depois de uma pequena pausa:
- Aí está uma coisa que eu ainda não vi em casas particulares... Se papai fosse vivo eu também teria uma biblioteca! Ele dizia sempre que havia de me dar ma bonita educação. Não é verdade, mamãe?
- É sim... é...
Luciano rufava com os dedos na mesa, sem ocultar o seu enfado.
- Ah! se o senhor conhecesse papai, havia de gostar muito dele!
Luciano sorriu; Sara continuou:
- Todos o estimavam! Só uma pessoa lhe tinha raiva... Inveja! Também eu odeio-a!
Sem pronunciar o nome, compreenderam todos que aludia ao Rosas.
- Papai era tão meigo! Tão condescendente! Dava-me sempre um beijo em cada face e outro na boca. E à mamãe também.
Luciano levantou-se e Ernestina, muito corada, disse, precipitando as palavras:
- Então, Sara! que termos são esses? Vai espairecer as saudades de teu pai com a Gina, anda! É melhor isso do que estar constantemente a relembrar coisas passadas!
Os olhos de Sara encheram-se de lágrimas; mas para que Luciano não a visse chorar, saiu precipitadamente da sala.