Simões gostava de sentar-se, nas tardes de domingo, recomendando sempre ao hortelão que não lhe bulisse nessa árvore; que a deixasse livre de enxertos e de podas; queria-a assim: agreste, inculta e sossegada.

Sara recordava isso, olhando para as toalhas ondeadas de verdura que se iam desenrolando pelo pomar até lá em baixo, à casa, de que só distinguia o telhado. Os tamarindeiros, salpicados com florinhas amarelas, e os pessegueiros, de um verde cinzento; mais as figueiras, as ameixeiras, os cajueiros, as árvores de abricó, das carambolas, da fruta do conde, do abacate, as amendoeiras enormes e as bananeiras airosas, confundiam-se, unindo as ramas, variando os matizes do verde mais claro até o verde mais negro, com manchas: aqui louras, ali esbranquiçadas, ou róseas, ou cor de ferrugem. A meio do pomar, à direita, destacavam-se entre todas pela forma bizarramente recortada das suas folhas elegantíssimas, a árvore da fruta-pão, e lá embaixo, sobre o telhado vermelho do chalet, ela via a última estrela, pequenina e escura, da grande araucária do jardim.

Sara continuava chorando, enraivecida contra a mãe. Por que consentira ela em receber o Rosas?! Por que mudava de dia para dia o seu caráter? Porque se ocupava agora tanto consigo, passando horas no seu quarto, sozinha, fugindo da companhia dos outros e aparecendo