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quadro curiosissimo da geographia da cosinha, pondo em luz as condições e as causas geographicas da repartição destas ou daquellas iguarias. No capitulo preambular Ali-Bab versa a historia da gastronomia, dividindo-a em duas partes: uma historia das differerttes cosinhas e um quadro das cosinhas actuaes.

Eu cito apenas, illustres confrades, os mais momentosos trabalhos a respeito dessa nova ordem de pesquisas scientificas: deixo á margem os muitos artigos de vulgarisação dados a lume em revistas e periodicos.

Já notava Jean Brunhes que, quando se fala de cosinha, parece que se desce das regiões superiores do pensamento para a occupação trivial de problemas terra terra. Entretanto, são escrúpulos superficiaes que, precipuamente, se desmancham á luz dos inestimáveis serviços que, para o conhecimento dos usos e costumes dos nossos mais remotos antepassados, têm prestado os restos de cosinha que a sciencia européa appellida rebarbativamente kjökkenmödinger [1] e entre nós se denominam sambaquis, tão abundantes na faixa littoranea do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul.

Além disto, é uma verdade inconteste que, não somente grupos ethnicos, mas também certas nações e paizes são definidos, ou se quizerem, parcialmente definidos, por sua alimentação corrente, por certas e determinadas iguarias preponderantes na alimentação de suas gentes ou características de suas cosinhas.

Sabem todos quem são os comedores de pão, os bebedores de cerveja, os comedores de arroz e os bebedores de chá ou de mate.




  1. Em dinamarquês kjõkken significa — cosinhar - e mõdding (no plural möddinger) significa - restos, destroços.