a campanha de canudos
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Certo é que, por um periodo não curto, as operações es­ tacionaram completamente. Este facto, como se vê, era explicável pela prudência com que então convinha agir. E si ella foi talvez demasiada, de­veu-se à falta dessa audacia, tão sympathica à fortuna, e bello predicado dos grandes capitães, antes do que ao desejo — aca­riciado por quem quer que fosse — de adiar impatrioticamente o desfecho da campanha.

E’ verdade — que officiaes superiores, como os coroneis Silva Telles e Serra Martins, além do general Savaget, se tinham retirado de Canudos, pela impossibilidade de ahi con­tinuarem, feridos como infelizmente se encontravam. Não era, porém, só disto que provinham grandes embaraços ao movi­mento da expedição.

Notavam-se, por exemplo, no serviço dos fornecimentos, a mesma irregularidade e a mesma desordem, que se tinham feito sentir em Monte Sancto, de onde as forças partiram rece­bendo apenas meia ração.

Por esse motivo, a penuria chegara ao extremo dos sol­dados disputarem — com as armas na mão — a posse de um cantil de agua potavel.

Elles, que se dariam por satisfeitos com carne, farinha e sal, de nada disto absolutamente dispunham ; pelo que eram forçados a se alimentar apenas com o producto das caçadas, que todos os dias faziam, e muitas vezes com raizes de imbuzeiros e de outras terebinthaceas. Algumas praçãs não tinham mais o que vestir. Accrescia que ainda se estava esperando pelo resto do reforço, pedido pelo chefe da expedição, que ainda o reputava imprescindível para completar o sitio já de muito iniciado.

Esse mào estado de cousas era aggravado por alguns escandalos, que a população bahiana sabia e commentava. Assim ó que se contava um ardil, usado por certos especula­dores para usufruirem proventos illicitos, numa quadra em que era dever de todo cidadão ordeiro e honésto auxiliar o Go­verno para desaffrontal-o das difficuldades, que tão injustamente o opprimiam.