A CIDADE E AS SERRAS

— Não se me dava de me sentar um poucochinho!

Tive então piedade, abri as garras, deixei que ele se arrastasse, atrás de mim, para o seu quarto, onde freneticamente descalçou as botas, se atirou para um fresco canapé forrado de ganga, murmurando num abatimento profundo: — «Bela propriedade!»

Consenti generosamente que ele adormecesse, — e eu mesmo desci a verificar se a Gertrudes dispusera bem as escovas, as toalhas de renda, no quarto onde os convidados, em breve, ao chegar, lavariam as mãos, escovariam a poeira da estrada. E justamente, uma caleche rodava no pátio, a velha caleche do D. Teotónio, com a parelha ruça. Espreitando da janela descobri, com prazer, que chegava só, de gravata branca, sob o guarda-pó, sem a horrendíssima filha. Corri alegremente ao quarto da tia Vicência, que ajudada pela Catarina, abrochava à pressa as suas pulseiras ricas de topázios.

— Tia Vicência! chegou o D. Teotónio! Felizmente vem sem a filha... Não se demore, os outros não tardam. O Manuel que esteja bem penteado, de gravata bem tesa!... Vamos a ver como corre a festa!

255