velho amigo Zé Fernandes. E o Manuel da Porta correu da fonte, onde enchia um grande balde para nos segurar os cavalos.
— Como está o tio Adrião?
Surdo, o excelente Manuel sorriu, deleitado:
— E então vossa excelência, bem? A Sr.a D. Joaninha ainda agora andava no laranjal com o pequeno da Josefa.
Seguimos por ruazinhas bem areadas, orladas de alfazema e buxo alto, enquanto eu contava ao meu Príncipe que aquele pequenito da Josefa era um afilhadinho da prima Joana, e agora o seu encanto e o seu cuidado todo.
— Esta minha santa prima, apesar de solteira, tem aí pela freguesia uma verdadeira filharada. E não é só dar-lhes roupas e presentes, e ajudar as mães. Mas até os lava, e os penteia, e lhes trata as tosses. Nunca a encontro sem alguma criancita ao colo... Agora anda na paixão deste Josèzinho.
Mas quando chegámos ao laranjal, à beira da larga rua da quinta que levava ao tanque, debalde procurei, e me embrenhei, e até gritei : — Eh, prima Joaninha!...
— Talvez esteja lá para baixo, para o tanque...
Descemos a rua, entre árvores, que a cobriam com as densas ramas encruzadas. Uma fresca, límpida água de rega corria e luzia num caneiro de pedra. Entre os troncos, as roseiras bravas ainda tinham uma frescura de Verão. E o pequeno campo, que se avistava para além, rebrilhava com doçura, todo amarelo e branco, dos malmequeres e botões de ouro.