A CIDADE E AS SERRAS

dois botões do colete desabotoados, a papeira caída sobre o largo decote do colarinho, mamava majestosamente um imenso charuto. Ao pé áe]e t também sentado, um velho que eu nunca encontrara no 202, esbelto, de cabelos brancos em anéis passados por trás das orelhas, a face coberta de pó de arroz, um bigodinho muito negro e arrebitado, findara certamente alguma história de bom e grosso sal — porque diante do divã, de pé, Joban, o supremo Crítico de Teatro, ria com a calva escarlate de gozo, e um moço muito ruivo (descendente de Coligny), de perfil de periquito, sacudia os braços curtos como asas, e gania: «delicioso! divino!» Só o poeta idealista permanecera impassível, na sua majestade obesa. Mas, quando nos acercámos, esse Mestre do ritmo perfeito, depois de soprar uma farta fumarada e me saudar com um pesado mover das pálpebras, começou numa voz de rico e sonoro metal:

— Há melhor, há infinitamente melhor... Todos aqui conhecem Madame Noredal. Madame Noredal tem umas imensas nádegas...

Desgraçadamente para o meu regalo, Todelle invadiu o bilhar, reclamando Jacinto com alarido. Eram as senhoras que desejavam ouvir no Fonógrafo uma ária da Patti! O meu amigo sacudiu logo os ombros, numa surda irritação:

— Ária da Patti... Eu sei lá! Todos esses rolos estão em confusão. Além disso o Fonógrafo trabalha mal. Nem trabalha! Tenho três. Nenhum trabalha!

— Bem! — exclamou alegremente Todelle. — Canto eu a Pauvre fille... É mais de ceia! Oh, la pauv’, pauv’, pauv’...

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