Travou do meu braço, e arrastou a minha timidez serrana para o salão cor-de-rosa murcha, onde, como Deusas num círculo escolhido do Olimpo, resplandeciam Madame de Oriol, Madame Verghane, a princesa de Carman, e uma outra loura, com grandes brilhantes nas grandes farripas, e de ombros tão nus, e braços tão nus, e peitos tão nus, que o seu vestido branco com bordados de ouro pálido parecia uma camisa a escorregar. Impressionado, ainda retive Todelle, rugi baixinho: — «Quem é?» Mas já o festivo homem correra para Madame de Oriol, com quem riam, numa familiaridade superior e fácil, Marizac (o duque de Marizac) e um moço de barba cor de milho e mais leve que uma penugem, que se balouçava gràcilmente sobre os pés, como uma espiga ao vento. E eu, encalhado contra o piano, esfregava lentamente as mãos amassando o meu embaraço, quando Madame Verghane se ergueu do sofá onde conversava com um velho (que tinha a Grã-Cruz de Santo André), e avançou, deslizou no tapete, pequena e nédia, na sua copiosa cauda de veludo verde-negro. Tão fina era a cinta, entre os encontros fecundos e a vastidão do peito, todo nu e cor de nácar, que eu receava que ela partisse pelo meio, no seu lento ondular. Os seus famosos bandós negros, dum negro furioso, inteiramente lhe tapavam as orelhas; e, no grande aro de ouro que os circundava, reluzia uma estrela de brilhantes, como na fronte dos Anjos de Boticelli. Conhecendo sem dúvida a minha autoridade no 202, ela despediu sobre mim ao passar, como raio benéfico, um