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caudelarias de Aïn-Weibah, que Lhe cedera o Emir de Mossul. E a sua noite (quando não tinha cadeira na Ópera ou na Comédie), era passada nalgum salão—precisando sempre findar o seu dia entre «o efêmero feminino». (Assim dizia Fradique).

A influência deste «feminino» foi suprema na sua existência. Fradique amou mulheres; mas fora dessas, e sobre todas as coisas, amava a Mulher.

A sua conduta, para com as mulheres, era governada conjuntamente por devoções de espiritualista, por curiosidades de crítico, e por exigências de sanguíneo. À maneira dos sentimentais da Restauração, Fradique considerava-as como «organismos» superiores, divinamente complicados, diferentes e mais próprios de adoração do que tudo o que oferece a Natureza: ao mesmo tempo, através deste culto, ia dissecando e estudando esses «organismos divinos», fibra a fibra, sem respeito, por paixão de analista; e frequentemente o crítico e o entusiasta desapareciam para só restar nele um homem amando a mulher, na simples e boa lei natural, como os Faunos amavam as Ninfas.

As mulheres, além disso, estavam para ele (pelo menos nas suas teorias de conversação) classificadas em espécies. Havia a «mulher de exterior», flor de luxo e de mundanismo culto- e havia a «mulher de interior», a que guarda o lar diante da qual, qualquer que fosse o seu brilho, Fradique conservava um tom penetrado de respeito, excluindo toda a investigação