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homem todo de paixão, de ação, de tenaz labor. E escassamente pode ser acusado de indolência, de indiferença, quem, como ele, fez duas campanhas, apostolou uma religião, trilhou os cinco continentes, absorveu tantas civilizações, percorreu todo o saber do seu tempo.

O cronista da Gazette de Paris acerta, porém, singularmente, afirmando que desse duro obreiro não resta uma obra. Impressas e dadas ao Mundo só dele conhecemos, com efeito, as poesias das LAPIDÁRIAS, publicadas na Revolução de Setembro, —e esse curioso poemeto em latim bárbaro, Laus Veneris Tenebrosae, que apareceu na Revue de Poésie et d’Art, fundada em fins de 69 em Paris por um grupo de poetas simbolistas. Fradique, porém, deixou manuscritos. Muitas vezes, na Rua de Varennes, os entrevi eu dentro dum cofre espanhol do século XIV, de ferro lavrado, que Fradique denominava a vala comum. Todos esses papéis (e a plena disposição deles) foram legados por Fradique àquela Libuska, de quem ele largamente fala nas suas cartas a Madame de Jouarre, e que se nos torna tão familiar e real «com os seus veludos brancos de Veneziana e os seus largos olhos de Juno».

Esta senhora, que se chamava Varia Lobrinska, era da velha família russa dos Príncipes de Palidoff. Em 1874 seu marido, Paulo Lobrinski, diplomata silencioso e vago, que pertencera ao regimento das Guardas Imperiais, e escrevia capitaine com t, e (capiténe)