morrera em Paris, por fins de Outono, ainda moço, de uma lânguida e longa anemia. Imediatamente Madame Lobrinska, com solene mágoa, cercada de aias e de crepes, recolheu às suas vastas propriedades russas perto de Starobelsk, no governo de Karkoff. Na Primavera, porém, voltou com as flores dos castanheiros,—e desde então habitava Paris em luxuosa e risonha viuvez. Um dia, em casa de Madame de Jouarre, encontrou Fradique que, enlevado então no culto das Literaturas eslavas, se ocupava com paixão do mais antigo e nobre dos seus poemas, o Julgamento de Libuska, casualmente encontrado em 1818 nos arquivos do castelo de Zelene-Hora. Madame Lobrinska era parenta dos senhores de Zelene-Hora, condes de Coloredo— e possuía justamente uma reprodução das duas folhas de pergaminho que contêm a velha epopeia bárbara.
Ambos leram esse texto heroico—até que o doce instante veio em que, como os dois amorosos de Dante, «não leram mais no dia todo». Fradique dera a Madame Lobrinska o nome de Libuska, a rainha que no Julgamento aparece «vestida de branco e resplandecente de sapiência». Ela chamava a Fradique Lúcifer. O poeta das LAPIDÁRIAS morreu em Novembro:—e dias depois Madame Lobrinska recolhia de novo à melancolia das suas terras, junto de Starobelsk, no governo de Karkoff. Os seus amigos sorriram, murmuraram com simpatia que Madame Lobrinska fugira, para chorar entre os seus mujiques a sua segunda