de Lisle, com um sangue mais quente nas veias do mármore, e a nervosidade intensa de Baudelaire, vibrando com mais norma e cadência Ora precisamente, nesse ano de 1867, eu, J. Teixeira de Azevedo e outros camaradas tínhamos descoberto no céu da Poesia Francesa (único para que nossos olhos se erguiam), toda uma plêiade de estrelas novas onde sobressaiam, pela sua refulgência superior e especial, esses dois sóis — Baudelaire e Leconte de Lisle. Victor Hugo, a quem chamávamos já «papá Hugo» ou «Senhor Hugo Todo-Poderoso», não era para nós um astro — mas o Deus mesmo, inicial e imanente, de quem os astros recebiam a luz, o movimento e o ritmo. Aos seus pés Leconte de Lisle e Baudelaire faziam duas constelações de adorável brilho- e o seu encontro fora para nós um deslumbramento e um amor! A mocidade de hoje, positiva e estreita, que pratica a Política, estuda as cotações da Bolsa e lê George Ohnet, mal pode compreender os santos entusiasmos com que nós recebíamos a iniciação dessa Arte Nova, que em França, nos começos do Segundo Império, surgira das ruínas do Romantismo como sua derradeira encarnação, e que nos era trazida em Poesia pelos versos de Leconte de Lisle, de Baudelaire, de Coppée, de Dierx, de Mallarmé, e de outros menores: e menos talvez pode compreender tais fervores essa parte da mocidade culta que logo desde as escolas se nutre de Spencer e de Taine, e que procura com ânsia e agudeza exercer a crítica, onde