ante os homens como sua a obra onde sente imperfeições! Estes modos de ser, tão superiores e novos, caíam na minha admiração como óleo numa fogueira. Ao pararmos no Central tremia de acanhamento.
Senti um alívio quando o porteiro anunciou que o Sr. Fradique Mendes, nessa manhã, cedo, tomara uma caleche para Belém. Vidigal empalideceu, de desespero:
— Uma caleche! Para Belém!... Há alguma coisa em Belém?
Murmurei, numa ideia de Arte, que havia os Jerônimos. Nesse instante uma tipoia, lançada a trote, estacou na rua, com as pilecas fumegando. Um homem desceu, ligeiro e forte. Era Fradique Mendes.
Vidigal, alvoroçado, apresentou-me como um «poeta seu amigo». Ele adiantou a mão sorrindo — mão delicada e branca onde vermelhava um rubi. Depois, acariciando o ombro do primo Marcos, abriu uma carta que lhe estendia o porteiro.
Pude então, à vontade, contemplar o cinzelador das LAPIDÁRIAS, o familiar de Mazzini, o conquistador das Duas Sicílias, o bem-adorado de Ana de Léon! O que me seduziu logo foi a sua esplêndida solidez, a sã e viril proporção dos membros rijos, o aspecto calmo de poderosa estabilidade com que parecia assentar na vida, tão livremente e tão firmemente, como sobre aquele chão de ladrilhos onde pousavam os seus largos sapatos de verniz, resplandecendo