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Vladimir, e ditando a um criado de calção, mais veneravelmente correto que um mordomo de Luís XIV, telegramas que vão levar notícias suas aos boudoirs de Paris e de Londres. E depois de tudo isto fecha a sua porta ao mundo—e lê Sófocles no original».

O poeta da Morte de D. João e da Musa em Férias chamava-lhe «um Saint-Beuve encadernado em Alcides». E explicava assim, numa carta desse tempo que conservo, a sua aparição no mundo«Deus um dia agarrou num bocado de Henri Heine, noutro de Chateaubriand; noutro de Brummel, em pedaços ardentes de aventureiros da Renascença, e em fragmentos ressequidos de sábios do Instituto de França, entornou-lhe por cima champanhe e tinta de imprensa, amassou tudo nas suas mãos onipotentes, modelou à pressa Fradique, e arrojando-o à Terra disse: Vai, e veste-te no Poole!» Enfim Carlos Mayer, lamentando como Oliveira Martins que às múltiplas e fortes aptidões de Fradique faltasse coordenação e convergência para um fim superior, deu um dia sobre a personalidade do meu amigo um resumo sagaz e profundo: «O cérebro de Fradique está admiravelmente construído e mobilado. Só Lhe falta uma ideia que o alugue, para viver e governar lá dentro. Fradique é um gênio com escritos!»

Também Fradique, nesse Inverno, conheceu o pensador das Odes Modernas, de quem, numa das suas cartas a Oliveira Martins, fala com tanta elevação