e carinho. E o último companheiro da minha mocidade, que se relacionou com o antigo poeta das LAPIDÁRIAS, foi J. Teixeira de Azevedo, no Verão de 1877, em Sintra, na quinta da Saragoça, onde Fradique viera repousar da sua jornada ao Brasil e às repúblicas do Pacífico. Tinham aí conversado muito, e divergido sempre, J. Teixeira de Azevedo, sendo um nervoso e um apaixonado, sentia uma insuperável antipatia pelo que ele chamava o linfatismo crítico de Fradique. Homem todo de emoção, não se podia fundir intelectualmente com aquele homem todo de análise. O extenso saber de Fradique também não o impressionava. «As noções desse guapo erudito (escrevia ele em 1879) são bocados do Larousse diluídos em água-de-colônia». E enfim certos requintes de Fradique (escovas de prata e camisas de seda), a sua voz mordente, recortando o verbo com perfeição e preciosidade, o seu hábito de beber champanhe com soda-water, outros traços ainda, causavam uma irritação quase física ao meu velho cama rada da Travessa do Guarda-Mor. Confessava; porém, como Oliveira Martins, que Fradique era o português mais interessante e mais sugestivo do século XIX. E correspondia-se regularmente com ele—mas para o contradizer com acrimônia.
Em 1880 (nove anos depois da minha peregrinação no Oriente), passei em Paris a semana da Páscoa. Uma noite, depois da Ópera, fui cear solitariamente ao Bignon. Tinha encetado as ostras e uma crônica do Tempos,