dia o velho procurando acalmal-a. — Aqui ninguem absolutamente pode suspeitar quem tu és.
Como poderão desconfiar, que és uma escrava, se de todas essas lindas e nobres senhoras nem pela formosura, nem pela graça e prendas do espirito, nenhuma pode levar-te a palma?
— Tanto peor, meo pae; sou alvo de todas as attenções, e esses olhares curiosos, que de todos os cantos se dirigem sobre mim, fazem-me a cada instante estremecer; desejaria até, que a terra se abrisse debaixo de meos pés, e me sumisse em seo seio.
— Deixa-te dessas idéas; esse teo medo e acanhamento é que poderião nos pôr a perder, se acaso houvesse o mais leve motivo de receio. Ostenta com desembaraço todos os seos encantos e habilidades, dança, canta, conversa, mostra-te alegre e satisfeita, que longe de te supporem uma escrava, são capazes de pensar que és uma princeza. Toma animo, minha filha, ao menos por hoje; esta tambem, assim como é a primeira, será a derradeira vez que passaremos por este constrangimento; não nos é possivel ficar por mais tempo nesta terra, onde começamos a despertar suspeitas.
— E’ verdade, meo pae!.. que fatalidade!.. — respondeo a moça com uma triste oscillação de cabeça. — Assim pois estamos condenados a vagar de paiz em paiz, sequestrados da sociedade,