A ESCRAVA ISAURA
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— Mulatinha, disse, — tu não fazes idéa de quanto és feiticeira. Minha irmã tem razão; é pena que uma menina assim tão linda não seja mais que uma escrava. Se tivesses nascido livre, serias incontestavelmente a rainha dos salões.

— Está bem, senhor, está bem! replicou Isaura soltando-se da mão de Henrique; se é só isso o que tinha a dizer-me, deixe-me ir embora.

— Espera ainda um pouco; não sejas assim má; eu não te quero fazer mal algum. Oh! quanto eu daria para obter a tua liberdade, se com ella pudesse obter também o teo amor!... És muito mimosa e muito linda para ficares por muito tempo no captiveiro; alguém impreterivelmente virá arrancar-te delle, e se has-de cahir nas mãos de algum desconhecido, que não saberá dar-te o devido apreço, seja eu, minha Isaura, seja o irmã de tua senhora, que de escrava te haja de fazer uma princeza...

— Ah! senhor Henrique! retorquio a menina com enfado; — o senhor não se peja de dirigir esses galanteios a uma escrava de sua irmã? isso não lhe fica bem; há por ahi tanta moça bonita, a quem o senhor pode fazer a côrte...

— Não; ainda não vi nenhuma, que te iguale, Isaura, eu te juro. Olha, Isaura; ninguem mais do que eu está nas circumstancias de conseguir a tua liberdade; sou capaz de obrigar Leoncio a te libertar, por que, se me não engano, já lhe adi-